domingo, 19 de abril de 2015

Índios do Ceará e a Formação da Região do Maciço de Baturité.




Segundo o Livro “Aracoiaba, História em Retalhos”, entre cerca de 1500 a.C. e 1000 d.C. no Brasil encontravam-se núcleos de povoamentos Tupi-Guarani que se caracterizavam entre outras coisas, por serem agricultores de florestas tropicais.

Levantamento feito junto a FUNAI em 1984 mostra que os primeiros caminhos de migrações feitos pelos índios apontam para Aracoiaba – Jaguaribe – Iguatu. Mas antes disso, para completar o povoamento primitivo do Ceará, entre os séculos XVI e XVII, os Potiguaras, bem como os Tupis chegaram a diversas regiões do Ceará.

É importante destacar que somente esses nativos conheciam o território do Ceará, no final do século XVI, embora desde 1500 as praias cearenses estivem constantemente sendo visitada por aventureiros europeus, mais precisamente os portugueses, auxiliados muitas vezes por índios Tupis.

Nesse mesmo período eram concedidas terras por El-Rei Dom Pedro a seus súditos em vários recanto do Ceará como: Choró, Jaguaribe, Pacoti, Maranguape, Guaiuba, Pacatuba e em terras mais férteis, banhadas de rios e cercadas de serra , como foi o caso da Região do Maciço de Baturité, tendo como principal meio de integração o Rio Aracoiaba, que nasce em Guaramiranga e desemboca no Rio Choró e consequentemente as praias cearenses.

Por volta de 1712, os índios jenipapos (que se firmaram em Aracoiaba, na localidade que hoje é denominada de Jenipapeiro), se aliaram aos Canindés e se digladiaram na bacia do Rio Banabuiú.

Segundo registros históricos, passado um ano, unidos a outras tribos como os Jaguaribaras e Anacés, assaltaram a vila do Aquiraz, causando um massacre com mais de 200 mortos. Esse fato ficou conhecido como rebelião de 1713/1715, que quase pôs fim aos brancos do Ceará. Esses conflitos eram constantes entre índios, estrangeiros e seus descendentes. 
 
Foi o caso das tribos dos Jenipapos, que foram derrotados finalmente em 1721. Quatro anos depois, foi a vez dos Anacés e Jaguaribaras, atacarem no riacho Aracoiaba, no Maciço de Baturité. Segundo escritos da época aponta esse ataque como sendo o mais sangrento já visto entre índios em terras cearenses. Esse fato ficou conhecido como “Guerra entre o Rio Aracoiaba”.

Em 1739, o índio jenipapo Miguel da Silva Cardoso, com 32 anos de idade, pediu ao governador de Pernambuco, já que a Província do Ceará estava ligada à Pernambuco, amparo à sua gente, que lhe concedeu aldeamento.

Logo o governo de Pernambuco concedeu aos Jenipapos, juntamente com os Canindés que se instalassem na região denominada de Tabuleiro da Areia, em Banabuiú. A seguir foram conduzidos para o alto da Serra de Baturité, num local que anos depois recebeu o nome de “Comum”.

Em 14 de abril de 1764 foi instalada a Real Vila de Monte-Mor, o Novo da América, nesse período foi elevada a condição de Vila, posteriormente em 1859, à categoria de cidade, com o nome de Baturité. Alguns dados mostram que em 1808 a Vila de Monte-Mor, o Novo da América, contava com apenas 1500 habitantes, sem contar com os moradores dos núcleos de Candeia, Acarape, Cajuais e Pindoba.

Para o fortalecimento e formação da Vila, as autoridades da época contaram com tribos indígenas como os Quixelôs da Missão da Telha, localizadas na cidade de Iguatu, bem como os Jenipapos e Canindés da Missão de Nossa Senhora da Palma e mais alguns remanescentes de tribos diversas instaladas nas regiões próximas.

Não podemos esquecer que os Jenipapos viviam primeiramente no Jaguaribe, de onde foram retirados para o Piauí, juntamente com os Icós, por ordem do governador em 1723.

Já os Canindés, seus parentes, viviam no Rio Grande do Norte e apoiaram os holandeses no século XVII que a partir de 1699 já estavam pacificados no Ceará, após a derrota dos flamengos, quando ocupavam as vertentes do Rio Curu ao poente da Serra de Baturité.

As terras que abrange a Região do Maciço de Baturité foi ocupada primeiramente por tribos indígenas que vindos de diversos recantos do Ceará procuraram fazer aldeamentos que com o tempo foram formando vilas e consequentemente cidade, foi o caso de Baturité, Aracoiaba e demais cidades da região. É tão provável esse estudo que muitas cidade do Ceará, estão ligadas diretamente com a língua Tupi-Guarani, é o caso de Aracoiaba que em Tupy significa “Cidade onde os pássaros cantam”; Itapiúna – “donde se obtém lugar predominantemente estrutura em pedras pretas” (Silveira Bueno); Baturité – “Serra por excelência” (Silveira Bueno); Aratuba – “Lugar alto” (Batista Aragão); Acarape – “Caminho dos Acarás (peixe)” (Theodoro Sampaio); Ocara – “Terreiro, área fora de casa” (Straadelli); Pacoti – “Lagoa onde as colheitas são constantes” (Thomaz Pompeu Sobrinho).







Documentário Narrando a Historias dos Índios no Ceará




O Câmera 12 mostra como vivem os povos indígenas no Ceará. Seus principais desafios e a luta dos nativos de preservar sua identidade.




Fonte: 

MATOS, Rose Mary Santana. Aracoiaba, história em retalhos. Vol. I.  Fortaleza-Ceará. Ed. Premius. 2012. pp. 52-55.

ARAGÃO, R. Batista. Índios do Ceará & Topônimos Indígenas. Fortaleza. Barraca do escritor Cearense. 1994. pp. 114-150.

JUCÁ, Levi. Pacoti: História e Memória. Fortaleza. Premius. 2014. p. 75.

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HISTÓRIA DE PACOTI - CEARÁ

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