RESENHA
Na Antiguidade romana, o escravismo clássico foi a forma de produção dominante da Europa Ocidental. A reconquista da península Ibérica reativou com vigor o comércio e as instituições escravistas. É interessante notar que os primeiros africanos apresados pelos portugueses foram vendidos na Europa ou trocados na própria África. na segunda metade do século XV, a escravidão era uma prática moral e institucionalmente aceita no continente europeu.
Os negros eram trocados por qualquer objeto, e para comprar e vender homens e animais era preciso experiência. Porque antes mesmo dos compradores chegarem até os negros escravizados, muitas vezes os mesmos eram colocado para engordar para que valesse mais.
Na África os próprios negros eram escravizados por negros através de guerras tribais ou interesses internos.
As viagens para o Brasil duravam de 30 a 40 dias em navios conhecidos como "Navios Negreiros". Muitos nem completavam a viagem e acabavam morrendo.
A viagem para o Brasil era uma viagem sem volta. Assim que chegavam ao destino eram logo trocados e tinham seus nomes modificados como forma de apagar à memória de sua terra de origem.
Os cativos negros eram postos à trabalhar em inúmeras atividades urbanas e rurais.
Quanto à naturalidade, os escravos podiam ser da terra, de nação ou crioulo. Denominava-se de escravo da terra ou negro da terra os indígenas escravizados. Os escravos crioulos eram os nascido no Brasil. Os mais inteligentes e bonitos eram aproveitados nos trabalhos domésticos, de supervisão, etc. Os escravos de nação, nascidos ou crescidos na África e escolhidos a dedo nas praias do continente negro, quando recém-chegados ao Brasil eram chamados de boçais. Após aprenderem a falar português ou qualquer profissão, tornavam-se ladinos. Os que acabavam de desembarcar no Brasil eram chamados de escravos novos.
A formação dos quilombos nasce como forma de resistência negra. Era uma forma de organização dos escravos fugidos ou não. A capacidade produtiva do quilombo era limitada. Os quilombolas mantinham relações privilegiadas com os escravos, libertos e livres pobres, etc. Muitas vezes estabeleciam íntimos contatos com o pequeno e médio capital comercial - mascates, regatões, comerciantes, etc. Toda esta trama de relação explica a proteção que alguns quilombos recebiam de escravistas. O maior, e uma referência, era o Quilombo dos Palmares tido como " um Estado negro à semelhança dos muitos que existiram na África, do século XVII - (...)" Édison Carneiro.
Resenha elaborado por Artur Ricardo, a partir do livro "A Servidão Negra" de Maestri.
2 comentários:
Recomendo também "A África e os Africanos na Formação do Mundo Atlântico", de John Thornton. O autor faz uma crítica ao trabalho "Escravidão na África", de Paul Lovejoy, contrapondo que a escravidão na África era uma instituição arraigada na cultura devido ao fato de que a terra não se constituía como propriedade privada, mas sim, a posse de mão-de-obra, ou seja, escravos. Os europeus teriam simplesmente entrado no circuito comercial gerado por essa escravidão doméstica africana, embora a dinamizassem através da exportação.
Uma questão: se na África a escravidão era normal, e Palmares teria reproduzidos estruturas de Estados africanois no século XVII, haveriam também escravos em Palmares?
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