Em 1532, Martim Afonso de Sousa funda, no litoral paulista, a primeira vila brasileira, São Vicente. Donatário da capitania de São Vicente, Martim Afonso incentiva a ocupação da região e outras vilas são criadas no litoral (Itanhaém, 1532; Santos, 1546). Poucos anos depois, vencida a barreira representada pela serra do Mar, os colonizadores avançam pelo planalto Paulista, estabelecendo novos povoados. Em 1553,João Ramalho, que vivia no planalto desde antes da criação de São Vicente, funda a vila de Santo André da Borda do Campo, situada nocaminho do mar (atual região do ABC paulista). Explorador português, João Ramalho era casado com a índia Bartira, esta, por sua vez, filha do cacique Tibiriçá, chefe da tribo dos guaianases. Encontrava-se, dessa forma, apto a exercer a função de intermediário dos interesses portugueses junto aos indígenas.
Em janeiro de 1554, um grupo de jesuítas, comandado pelos padres Manoel da Nóbrega, superior da ordem no Brasil, e José de Anchieta, chega ao planalto, auxiliado por João Ramalho. Com o objetivo de catequizar os índios que viviam na região, os jesuítas erguem um barracão de taipa de pilão, em uma colina alta e plana, localizada entre os rios Tietê,Anhangabaú e Tamanduateí, com a anuência do cacique Tibiriçá, que comandava uma aldeiade guaianases nas proximidades. Em 25 de janeiro daquele ano, dia em que se comemora a conversão do apóstolo Paulo, o padre Manoel de Paiva celebra a primeira missa na colina. A celebração marcou o início da instalação dos jesuítas no local, e entrou para a história como nascimento da cidade de São Paulo. Dois anos depois, os padres erguem uma igreja – a primeira edificação duradoura do povoado. Em seguida, ergueram o colégio e o pavilhão com os aposentos. Destas construções originais, resta apenas uma parede de taipa, onde hoje encontra-se o Pátio do Colégio.
Ao redor do colégio formou-se uma pequena povoação de índios convertidos, jesuítas e colonizadores. Em 1560, a população do povoado seria expressivamente ampliada, quando, por ordem de Mem de Sá, governador-geral da colônia, os habitantes da vila de Santo André da Borda do Campo são transferidos para os arredores do colégio. A vila de Santo André é extinta, e o povoado é elevado a esta categoria, com o nome de "Vila de São Paulo de Piratininga". Por ato régio é criada, no mesmo, ano, sua Câmara Municipal, então chamada "Casa do Conselho". É provavelmente nesse mesmo ano de 1560 que é criada a "Confraria da Misericórdia de São Paulo" (atual Santa Casa de Misericórdia). Em1562, incomodados com a aliança entre guaianases e portugueses, os índios tupinambás, unidos na Confederação dos Tamoios, lançam uma série de ataques contra a vila. A defesa organizada por João Ramalho impede que os tupinambás entrem em São Paulo, e os obriga a recuar, em 10 de julho do mesmo ano.
São abertos os primeiros caminhos: o que ia ao Campo do Guaré (hoje chamado bairro da Luz) tornou-se a atual Florêncio de Abreu. Os outros dois dariam origem às hoje denominadas rua XV de Novembro e rua Direita. Também no século XVI são fundadas novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), a Igreja de Santo Antônio(ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento). Na distante aldeia indígena de Ururaí, formada por guaianeses fugidos do planalto após a morte de Tibiriçá, Anchieta fundou a Capela de São Miguel Arcanjo, que futuramente passaria a denominar o bairro de São Miguel Paulista. Distante do litoral, e deste separada pela inóspita Serra do Mar, a vila, no entanto, não produzia nada que fosse de interesse para a metrópole portuguesa, seguindo-se daí um período de lento crescimento econômico.
Fundação de São Paulo, 1913. Pintura deAntônio Parreiras.
FOTOS: Google imagens
PESQUISADOR: Artur Ricardo - Historiador.
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