RESENHA
O Queijo e os Vermes? é, mais do Que uma simples história, um escrito histórico. Obra do historiador italiano e professor da Universidade da Califórnia Carlo Ginzburg, narra a trajetória de Domenico Scandella, chamado Menocchio, um moleiro do norte da Itália, que no século XVI desafiou os poderes da inquisição afirmando que a origem do mundo estava na putrefação. Segundo Menocchio ?tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo com o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos?. Graças a uma farta documentação, Ginzburg trouxe à tona o perfil de Menocchio, seus pensamentos, suas leituras e discussões, suas relações com amigos e vizinhos. Mais do que a descrição psicológica do moleiro, o autor traça um panorama minucioso do período em que viveu Menocchio, uma Europa pré-industrial marcada pelo Renascimento e pela Reforma. No entanto, a originalidade do pensamento de Menocchio é sempre destacada. Para ele, as influências que recebeu, autores que leu são importantes, mas mais importante é mostrar como Menocchio recebeu tais influências, de que forma absorveu as leituras, transformou-as e criou a sua própria teoria para o surgimento do universo. Assim, Ginzburg resgata a figura de um homem que ousa falar, que diz o que pensa mesmo arriscando a própria vida. Mesmo desiludido, após perder a mulher e o filho, sozinho, doente, Menocchio não se cala. Dizer o que pensa, para ele, é tão importante quanto viver.
Texto adaptado por Artur Ricardo - Historiador.
3 comentários:
Vou assistir o filme...
Obrigada por suas palavras volte mais vezes querido.
Beijão pra você!!
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Interessante tamb´[em nesse trabalho do Ginzburg é a discussão que este faz acerca do hibridismo cultural, ou seja, de que não existem culturas que se superpõem, como se pensaria da cultura dita "erudita" superpondo-se a uma cultura dita "popular". Ginsburg, através de Menocchio, analisa como esse moleiro reinterpretou a cultura erudita através dos códigos culturais de sua cultura camponesa. Excelente trabalho de micro-história!
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