segunda-feira, 15 de junho de 2015

150 anos da Batalha do Riachuelo - (1865 - 2015).

Batalha do Riachuelo (obra de Victor Meireles)

A guerra do Paraguai foi a mais sangrenta e prolongada guerra de toda a América Latina. De um lado estavam o Brasil, Argentina e Uruguai. Contra estas três nações, o Paraguai sob o comando de Solano Lopez, tentava resolver suas  divergências diplomáticas por meios bélicos. Quatro nações irmãs destruindo-se mutuamente anos a fio.  Para ambos os lados, a bacia do Prata era de fundamental importância. Solano Lopez sabia que se quisesse ter alguma chance de sucesso na guerra, teria que dominar as águas da Bacia do Prata. O único obstáculo às suas pretensões era a Marinha Imperial Brasileira que em 1865 contava 33  vapores, 12 navios a vela, com um efetivo de 609 oficiais e 3.627 praças. O  plano de batalha era aniquilar esta ameaça, atraindo-a para as águas estreitas dos rios onde seus barcos, mais adequados à navegação fluvial,  com o apoio de artilharia terrestre promoveriam a sua destruição. O plano  foi arquitetado em Humaitá, sob a direção do próprio marechal. A esquadra paraguaia que deveria atacar a brasileira estava sob o comando do Comodoro Meza, e compunha-se dos navios: Taquari, Paraguari, Iguareí, Iporá, Marques de Olinda, Jejui, Salto Oriental e Pirabebê.

Quadro onde se destaca a imagem do almirante Tamandaré em pé na proa da fragata Amazonas que rompeu as linha paraguaia mediante sucessivas arremetidas como se fosse um aríete.

A esquadra brasileira, sob o comando de Francisco Manuel Barroso, encontrava-se ao lado do Chaco, efetuando o bloqueio do rio em frente ao monumento denominado La Coluna.  O Paraná aí é largo e corre por algumas milhas na direção mais ou menos norte-sul e depois nordeste-noroeste, com pequena reentrâncias e saliências do lado correntino, sendo essa margem formada mais abaixo por barrancas cobertas de espesso arvoredo. O ponto mais estreito do rio situa-se entre o grupo de ilhas Las Palomeras e a Ponta de Santa Catarina. É aí que serpenteia o Riachuelo.




Fragata Amazonas navio capitania da esquadra brasileira na Batalha do Riachuelo.

Quadro onde mostra uma vista mais ampla da luta entre as embarcações oponentes.

Corriam vários boatos a respeito das intenções de López com relação à esquadra brasileira. Os prisioneiros feitos em Corrientes haviam contado diversas histórias cuja veracidade era difícil de averiguar. O ataque paraguaio à frota brasileira ocorreu na manhã do dia 11 de junho de 1865, um domingo da Santíssima Trindade. Um a um foram surgindo pelo Chaco os navios inimigos, rebocando baterias flutuantes, num total de oito vapores e seis baterias.

Roda do leme da célebre fragata Amazonas exposto no museu oceanográfico. Para melhor visualizar clique na imagem.


A esquadra paraguaia efetuou manobras a fim de colocar os navios em marcha regular e a curta distância uns dos outros. Os paraguaios passaram diante dos brasileiros, sendo trocadas cargas de canhões entre as duas frotas. Meza colocou seus navios próximos às barrancas do rio, tomando posição quatro milhas abaixo de onde se encontravam os brasileiros. A esquadra brasileira era composta pelas unidades Amazonas, Jequitinhonha, Beberibe, Belmonte, Parnaíba, Araguari, Mearim, Ipiranga e lguatemi. Na Amazonas encontrava-se o Chefe-de-Divisão Barroso, que içou o sinal “Bater o inimigo mais próximo que cada um puder". Os navios brasileiros vieram água abaixo, um a um tomando o rumo da esquadra inimiga. A Amazonas, ostentando o pavilhão do chefe Barroso, permaneceu em seu lugar para ver o desfile da esquadra.

Naqueles tempos era uma rotina ter imagens fixadas a proa.
 Esta era a imagem que ficava na fragata Amazonas.

O sinal que se via agora no navio era “O Brasil espera que cada um cumpra com o seu dever”.Quando os vasos da Marinha Imperial se defrontaram com os paraguaios, perceberam a existência de baterias em toda a extensão da curva até a boca do Riachuelo. Havia ainda fuzilaria e foguetes no alto da Ponta de Santa Catarina.
 Ao perceber tal fato, a Jequitinhonha fez contra-marcha, sendo seguida pelas demais, com exceção da Belmonte, cujo comandante não viu o que ocorria. A Belmonte recebeu sozinha o primeiro ataque das baterias paraguaias, e foi obrigada,  para não ir a pique, a abandonar o combate. Restavam assim oito unidades brasileiras para enfrentar 14 unidades paraguaias, mais 30 peças de terra comandadas por Bruguez e a infantaria chefiadas por Robles. A luta era dura e o fogo partia dos dois lados. Por volta do meio-dia a Amazonas desceu o rio. Meza, ao ver os brasileiros aproximarem-se, foi ao seu encontro.

Machadinhas utilizadas nas lutas corpo a corpo que se desenrolaram na batalha de Riachuelo quando barcos brasileiros foram abordados por chatas paraguaias.

Três vasos paraguaios atacaram a Araguari, que conseguiu repeli-los. A  Jequitinhonha encalhou e a Parnaíba foi abordada. Da tripulação desta última.destacaram-se na luta o guarda-Marinha Greenhalgh e o marinheiro de primeira classe Marcílio Dias. A situação dos brasileiros não era das melhores, mas foi então que Barroso lançou a Amazonas contra os navios paraguaios, fazendo de sua embarcação um aríete conseguindo tirar de combate várias unidades inimigas e mudando o destino da batalha. Os navios paraguaios bateram em retirada, sendo perseguido pela Beberibe e pela Araguari. A luta havia durado todo o dia, e a noite ainda encontrará os navios em combate.
De grande importância para o rumo da guerra foi este sucesso obtido por Barroso: estava aniquilado o poderio naval de Lopez, o domínio da bacia do Prata passou para a Marinha Imperial.



Encouraçado Erval
 
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Sob o comando geral do Marechal Luís Osório, futuro Marquês do Erval, e atuando em conjunto com as forças do Rio Grande do Sul, comandadas pek Tenente-General Manuel Marques de Sousa, mais tarde Conde de Porto Alegre, as forças aliadas compunham-se de aproximadamente 17.500 homens, entre brasileiros, argentinos e uruguaios  que em ação conjunta, com a esquadra de Tamandaré, composta de cinco vapores e duas chatas, bloquearam a navegação pela bacia formada pelos rios Paraná e Paraguai, deixando dessa forma o exército paraguaio completamente isolado, sem meios de receber auxílio.
No final da guerra, com o esforço  do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e novas aquisições de navios no exterior, a marinha brasileira contava com um respeitável elenco de 94 barcos de guerra, sendo 16 encouraçados. 


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