Fotos e Documentos inéditos da guerrilha de Três Passos (PR), primeiro movimento armado contra a Ditadura Militar.
10 DE MARÇO DE 2015.
Em 17 de março de 1965, um pouco antes de completar um ano o golpe civil-militar que derrubou o governo do presidente João Goulart, um grupo contituido por camponeses, militares e profissionais liberais, de origem trabalhista/brizolista foram protagonistas da primeira ação armada contra a ditadura. O movimento ficou conhecido como a “Guerrilha dos Dentes de Ouro”, pois a maioria dos insurgentes eram camponeses que se orgulhavam de seus implantes dentários de ouro. No fac-simile ao lado um recorte do jornal Correio do Paraná, de Curitiba, datado de 17 de março de 1965.
Realmente a Operação Três Passos é a primeira ação brasileira de guerrilha rural contra o Governo Militar instalado em 31 de março de 1964. Na noite de 26 de março de 1965, um grupo liderado pelo ex-coronel do Exército, Jefferson Cardin Osório, pelo ex-sargento da Brigada Militar, Albery Vieira dos Santos, e pelo professor da rede municipal de ensino de Campo Novo, Valdetar Dornelles, rendeu Três Passos de assalto. Eles tomaram o presídio e o destacamento da Brigada Militar, de onde levaram armas, munição e fardas. Além de deixar a cidade sem comunicação telefônica, uma vez que cortaram os fios da rede, invadiram a Rádio Difusora e obrigaram, sob a mira de uma metralhadora, os proprietários Benno Adelar e Zilá Breitenbach a colocar a emissora no ar para ler um manifesto contra a ditadura militar.
Depois, os guerrilheiros partiram para Tenente Portela. Na cidade, também tomaram o destacamento da Polícia Militar. O mesmo ocorreu em Barra do Guarita e em Itapiranga (SC). A prisão do grupo deu-se na cidade paranaense de Leônidas Marques, no dia 28 de março.
Os guerrilheiros foram presos após caírem numa emboscada em Capitão Leônidas Marques PR e foram levados para o então 1º Batalhão de Fronteiras, em Foz do Iguaçu e ali passaram por torturas. Todos foram condenados e cumpriram pena em Curitiba.
Cardin faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de janeiro de 1995. Albery foi misteriosamente assassinado no oeste paranaense em fevereiro de 1977.
Albery após sua prisão passou a ser informante do CIE (Centro de Informações do Exército). Em 1973 se infiltrou na Vanguarda Popular Revolucionária(VPR) e sob o comando do coronel Paulo Malhães, atraiu um grupo de militantes que estavam exilados em Buenos Aires, para uma armadilha no Parque Nacional do Iguaçu. Cinco foram assassinados à sangue frio. O sexto, Onofre Pinto, foi assassinado na Casa da Morte de Foz do Iguaçu.
ELES FORAM ATRAÍDOS pelo ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Alberi Vieira dos Santos, para uma emboscada armada dentro do Parque Nacional do Iguaçu. A Rural Willys dirigida por Otávio Camargo, militar do Centro de Informações do Exército, apresentando ao grupo como membro da base de apoio, trafegou seis quilômetros pela Estrada do Colono levando Joel José de Carvalho, Daniel de Carvalho, José Lavéchia, Victor Carlos Ramos e Ernesto Ruggia em direção à morte. De repente, no meio da floresta exuberante, os cinco militantes da esquerda revolucionária caíram fuzilados pelo grupo de extermino. Os cães de guerra comandados pelos chefões do Centro de Inteligência do Exército executavam a fase final da Operação Juriti, que consistia em atrair exilados políticos para áreas fictícias de guerrilha e matá-los.
(Do livro Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?, de Aluízio Palmar, 2004)
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Fonte: Site Documentos Revelados e Fotos do acervo de Valdetar Dornelles.
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