terça-feira, 16 de agosto de 2022

"Casarão" do Português na Rua Grande - Aracoiaba / Ceará.


Casarão do Português em Aracoiaba
Inaugurada em 6 de janeiro de 1920
Foto: Arquivo do Museu de Aracoiaba.


Em meados de 1910 chegava ao Brasil o português Antônio Maria Cardoso, logo se instalando na capital cearense. Como comerciante que era não demorou muito para realizar negócios na Região do Maciço de Baturité, especificamente em Aracoiaba, onde tornara-se sócio do Cel. Cirilino Pimenta, que na época era proprietário de uma fábrica de beneficiamento de algodão e grafite. Essa mesma fábrica no ano de 1958, seria transformada no Ginásio Virgílio Távora - GVT de propriedade de Salomão Alves de Moura Brasil.

Ao chegar em Aracoiaba em 1910, o senhor Cardoso como era conhecido, acompanhado de sua noiva, a viúva Alferreira (Antônia) Gaia Correia Lima, durante sua estadia em Aracoiaba, construíram e venderam casas, mas a que residiam na Rua Grande (atual Rua Santos Dumont) ficou conhecida como "casarão do Cardoso" ou "Casarão do Português". 

No dia 5 de dezembro de 1911, Antônio Maria Cardoso com 24 anos de idade casou-se com Alferreira (Antônia) Gaia Correia Lima, com 23 anos de idade, natural do Piauí. Segundo consta no Cartório de Aracoiaba, que o casamento foi registrado pelo Escrivão Hortêncio de Freitas, no livro 2 do referido cartório. Consta também que o mesmo era eleitor  de Aracoiaba, pois seu título de eleitor foi registrado no Cartório Eleitoral de Aracoiaba, datado em 7 de janeiro de 1920, com o Nº 324.

Era católico e participante ativo de movimentos religiosos na Paróquia de Aracoiaba, onde chegou a presidir por vários anos a Presidência da Conferência de São Vicente das Chagas e do Conselho Particular de São Vicente de Paula (Os Vicentinos). Cardoso, junto com sua esposa foram padrinhos de batismo de muitos aracoiabenses, já que não tiveram filhos. 

Por ser comerciante em Aracoiaba e Fortaleza, tornou-se fornecedor de madeira que era usada como lenha para abastecer a Usina de Luz e Força do Passeio Público (Fortaleza), através da firma "The Ceará Tramway Light & Comércio, fundada aos 8 de maio de 1911, para alimentar os bondes de Fortaleza, que eram de tração animal e passaram a ser elétricos. Nessa mesma época vendia madeira também para a RVC - Rede de Viação Cearense, para abastecer os trens "Maria-Fumaça", que passavam em Aracoiaba desde 1880, através da Estrada de Ferro de Baturité.

Em 1920, o Casarão passou por uma reforma e seu proprietário ornamentou seu frontispício (ver foto acima), uma estrela - em homenagem ao ponto de maior elevação de seu país de origem, Portugal, denominado de "Serra da Estrela". símbolo que permaneceu na fachada da casa até o início de 2012.

Quando Cardoso e sua esposa decidiram morar em Fortaleza no ano de 1950, o Casarão se transformou numa escola, tendo a professora Maria da Silva - primeira professora da Rede Estadual - com objetivo de lecionar uma turma só de meninas, visto que na época as classes eram separadas por sexo. 

Maria da Silva, trouxe consigo duas irmãs conhecidas como Chacinha e Beatriz. Nessa escola estudaram as filhas do farmacêutico Raimundo de Castro e Silva, as netas do Coletor Estadual Aprígio de Paiva Bezerra (que eram filhas de Enéas Frutuoso de Paiva (primeiro Agente da Estação Ferroviária de Aracoiaba), as filhas do Major Moreira (proprietário da Fábrica de Redes Santa Maria em Fortaleza) tendo construído em Aracoiaba sua residência e vários prédios comerciais. Faleceu em 1925 e foi enterrado no Cemitério João Batista em Aracoiaba. As filhas de Manuel Eduardo de Oliveira, outro português, que chegou ao Brasil em 1890 e posteriormente veio residir no município. 

Em 1937, a professora Maria da Silva, se mudou para o sobrado onde atualmente mora a família de Luiz Firmino Alves (Rua Grande, atual Santos Dumont). No ano seguinte, a professora Maria da Silva, aposentou-se, sendo substituída pela jovem Valquíria Lima Verde, filha do ex-prefeito Sólon Lima Verde.

O casarão também foi residência de Eduardo de Castro e Silva, primeiro prefeito eleito de Aracoiaba e depois, pelo doutor Edson Bulamarques, juiz de Direito da cidade. Outras pessoas também residiram no referido casarão, como o dentista doutor José França, o comerciante Manuel Irineu de Oliveira (pai de Sérgio Silvestre), o coletor estadual José Lucas de Melo e o protético Andrade. 

Com o passar do tempo, o casarão foi transformado em hotel, que ficou conhecida como "Hotel da Zezé. Sendo praticamente o único na cidade por muito tempo, mas por questões pessoais entre a proprietária e o prefeito na época que solicitou a posse do prédio. Diante da situação foi necessário acionar a justiça com uma ação judicial, ação essa que levou o prédio a permanecer fechado por anos
em total ruinas.

Em 2012, a Prefeita Dra. Marilene Campelo Nogueira, resolveu construir no local, um Posto de Saúde, que tomou o nome de Almino Lopes da Silva. 

Atualmente funciona o referido Posto de Saúde Almino Lopes da Silva. Referência no atendimento a população de Aracoiaba. 


Fonte: Livro: Aracoiaba, História em Retalhos. Volume II - pp. 264-266.



Casarão do Português - "Hotel da Zezé" - Rua Grande, atual Rua Santos Dumont. 
Aracoiaba - Ceará.
Arquivos do Museu de Aracoiaba.




 
Posto de Saúde - Rua Grande, atual rua Santos Dumont (antigo Casarão do Português - "Hotel da Zezé")
Aracoiaba - Ceará.
Arquivos: Artur Ricardo (Fevereiro de 2019)

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