sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Estude a história recente do Brasil com documentário que retrata a disputa política nas eleições presidenciais de 2002.

(Imagem: Reprodução/O Espetáculo Democrático)

Por Malú Damázio

Ano de eleições presidenciais. As pessoas vão às ruas questionar o governo e lutar por direitos básicos, como alimentação, saúde, educação e inclusão social. Querem transformações, querem um país que se preocupe com seus cidadãos. Querem ter acesso às riquezas da nação. O presidente da República já está no poder há mais de um mandato e defende, nas eleições, o candidato de seu partido. As mudanças duramente conquistadas não poderiam ser postas a perder assim, tão facilmente, com a troca de siglas. Por outro lado, esperança é a palavra da vez para a oposição.

As propagandas eleitorais são um declarado FLAxFLU:

Partido A: “Tô com medo. Faz tempo que eu não tinha esse sentimento. Porque eu sinto que o Brasil, nesta eleição, corre o risco de perder toda a estabilidade que já foi conquistada. Eu sei que muita coisa ainda precisa ser feita, mas também tem muita coisa boa que já foi realizada. Não dá para ir tudo para a lata do lixo!”

Partido B: “Não perceberam que o mundo mudou? Ou melhor: que nós mudamos o mundo e que os velhos truques já não funcionam mais. […] Quero justiça e oportunidade! Quero ter meu emprego, meu salário, meu dinheiro para comprar as coisas para mim e para os meus filhos. […] Foi por isso que resolvi parar, examinar e, desta vez, fazer diferente!”

Você conhece esse cenário, não é mesmo? O curioso é que estou falando do Brasil de 2002. Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ainda era o chefe de Estado e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), tentava, pela terceira vez, governar o país. Ele e José Serra eram os candidatos da vez. Um lutava para mudar e o outro para continuar mudando.

O resultado da disputa nós já sabemos: Lula se tornou presidente do Brasil em 2003 e conseguiu a reeleição em 2006. O governo do PT teve aprovação e continuidade, assim, Dilma Rousseff foi eleita em 2010 e acaba de entrar em seu segundo mandato este ano. Durante o período, o PSDB assumiu caráter de oposição com José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.

Nas últimas eleições, em 2014, mergulhamos em uma trama parecida com a de 12 anos atrás. O embate foi acirrado, as propagandas dos dois partidos pregavam ideias parecidíssimas. Só que, ironicamente, os papéis foram invertidos. O PT dizia que o Brasil não poderia parar de mudar e por a perder as transformações conquistadas nos últimos anos e o PSDB pregava um novo rumo para o país, o fim de um governo que há muito permanecia.

Disputa de poderes

Você provavelmente tem alguns flashes e memórias daquele período, mas imagino que não se lembre de tudo com clareza. Pois bem: este jogo de poderes promovido por partidos de situação e oposição foi muito bem retratado no documentário “O Espetáculo Democrático”, lançado em 2004 e gravado durante as eleições de 2002. O filme mostra, em 40 minutos, a campanha de Lula para a presidência e sua vitória, ao mesmo tempo em que contrapõe as propagandas realizadas pelo PT às do PSDB, que tentava a permanência no governo por meio da eleição de José Serra. As contradições de ambos os partidos e os esforços – muitas vezes duvidosos – empreendidos pelos rivais são evidenciados ao longo da trama.

O documentário é costurado por depoimentos do próprio metalúrgico e de Fernando Henrique Cardoso. Além disso, ele faz uma retrospectiva da trajetória de Lula nas eleições, desde sua primeira vez como candidato, contra Fernando Collor, em 1990, e as sucessivas derrotas em 1994 e 1998. O ex-presidente deposto, aliás, também foi entrevistado pela equipe do filme.

Uma das sacadas mais interessantes foi mostrar a reação da população brasileira durante o período de eleições e após a vitória de Lula. Cenas da festa da posse presidencial, entrevistas com pessoas de diversas classes sociais e questionamentos sobre a expectativa de como seria o governo do então presidente trazem à tona os ânimos políticos da época. Vale a pena acompanhar também os depoimentos dos marqueteiros e da equipe de assessores da campanha do metalúrgico e a reação da imprensa à sua vitória.

Bom, acredito que o mais legal de tudo isso é poder contextualizar o documentário com os dias de hoje e com as eleições do ano passado. Além de aprender uma etapa da história recente do Brasil, você pode ver como a situação se alterou – e, estranhamente, permaneceu a mesma – de lá para cá. Dá uma olhada! 


Fonte: Guia do Estudante

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